quinta-feira, 30 de junho de 2011

No som,  uma melodia para embalar o novo dia que se inicia. Toca devagar, Medley do rei Bob Marley:

"When I was just a kid,
My mommy used to sing this song.
Now I've grown to be a man,
Well, it still lingers deep down in my soul;
I said, it still lingers deep down in my soul. " 






Quando eu ainda era uma garota...
              Nada mais apropriado do que começar um texto assim, na época em que estou prestes a realizar o meu 22º aniversário.  Dizem os astrólogos, numerólogos, seja qual for a ramificação mística, que um mês antes de fazermos aniversario nos encontramos no inferno astral.
Pensei, pensei e não sei se concordo totalmente com isso. Me observando, olhando ao meu redor, sentindo o que muda em mim, lentamente, quase imperceptivel, vejo que me encontro em uma mudança de ciclo.
           Quantas vezes falei de mudanças, de novos rumos, de novas perspectivas e olhares por aqui? Muitas. Mas não sei por qual motivo sinto que esse é um momento ímpar na minha vida.
Para algumas pessoas crescer é dificil e confesso que para mim às vezes é complicado. Me lembro, quase que constantemente, de quando eu era criança, assim como de quando comecei a descobrir o mundo, das vezes que errei, de tantas bobagens que falei simplesmente por ter experimentado pouco da vida.
          Hoje me olhar no espelho é ver uma Laís diferente, tanto fisicamente quanto espiritualmente.Ainda mais sensivel, com uma profundidade infinita de sentimentos, ainda um pouco ingênua com determinadas coisas, mas a cada dia mais apaixonada pelo simples. E por exigir e querer o que é simples, acabo me tornando exigente. É incrivel, mas uma mudança que não era pra ser notada tão facilmente, salta aos olhos de forma muito clara.
          Essa nova fase que se iniciou em abril desse ano fez eu crescer ainda mais. Mas é duro viver e ter que ver tanta hipocresia, falsidade e maldade rolando por aí. Em quase 6 meses de vida em Porto Alegre, ainda me machuca  ter que ver tanto jogo de interesse, tanta traição por coisas tão banais. Por tantas vezes foi e é dificil, mas nada que um pouco de solidão e reflexão para esquecer da sujeira que as pessoas absorvem por tanta ambição. Isso a gente abstrai!
Apesar de ter crescido, amadurecido(estou no processo) e aprendido algumas coisas, estou longe de saber tudo. Talvez eu demore ainda algumas vidas para aprender de fato. Mas aquela menina, que se sujava na praçinha do prédio, que descia ligeira as rampas com a bicicleta rosa, que fazia das escadas do edificio as casas das bonecas, ou mesmo aquela criança que esperava o leite quente e o cafuné para poder dormir, ainda existe.
Dentro de mim, ainda habita a criança levada e a moça sonhadora, que queria mudar o mundo e imaginava que todos poderiam ser iguais. Aquela mesma que um dia usou calças rasgadas curtindo um rock e aquela que tempos depois se renderia a magia da natureza, da praia, do amor e do reggae. Ainda faço manha, gosto de mimos e detesto gente grudenta. Levo comigo a certeza de que mais vale um olhar sincero e um abraço apertado do que mil presentes fúteis. Aprendi que é mais importante conhecer alguém para se relacionar, trocar e somar do que TER alguém para fazer parte de um relacionamento aprisionado e possessivo. Hoje prefiro sexo com sentimento (seja ele qual for) do que mil e uma posições mirabolantes para satisfazer o ego.Aprendi que mais vale um "gosto de você" sincero do que um "eu te amo" vazio..
Daquela menina, guardei o amor excessivo pelas pessoas e a confiança que sempre depositei nelas, mas deixei de lado as amizades instantâneas... elas não existem, acredite!  Aprendi que sofrer e passar trabalho fazem parte da vida e que a felicidade suprema não existe. Sei que devemos viver os dois pólos: quente e frio, salgado e doce, triste e alegre e que nenhuma pessoa passa em nossa vida por acaso. Aliás, acaso não existe. Pelo menos no mundo que eu escolhi.
Daqui a 20 anos, não sei se pensarei da mesma forma, talvez sim... talvez não. Mas o que me interessa saber do que virá? Eu sei do hoje e ele me mostra a cada dia que vale a pena estar aonde estou.
Meus desafios daqui pra frente serão sentir menos pelos outros, saber que não sou Deus para solucionar os problemas de todos, que injustiças existem, que a maldade é da natureza humana, que no inverno sempre fará frio e que devo me agasalhar quando sair de casa.
Que o meu porto existe, seja ele o alegre ou não, mas que está esperando para um dia eu ancorar meu barco.
Velejar... Navegar por aí sendo eu Laís ou as muitas Laíses. Multiplas e única, ao mesmo tempo habitando um ser só. Quero ser todas, sempre, em cada momento poder despertar ou criar uma nova.
Quem diria. 22 anos de vida e passagem pela terra.  Cada vez mais turista e estrangeira, mas sempre uma eterna aprendiz...
ALOHA!