quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Vista nova, nova vista...

Mexer no computador da gente é sempre uma descoberta nova. Sempre guardamos tantas fotografias e não revelamos nenhuma. Coisas do mundo digital e detalhes importantes que ficaram esquecidos com os velhos filmes 36 poeses. Algumas fotos acabam tão esquecidas que por vezes achamos que nunca existiram, mas estão lá para provar que se viveu aquele momento. É o caso da foto que ilustra esse post. Não me lembrava da existência dela, mas quando a achei fiquei horas hipnotizada. Talvez porque ela me transmita uma paz confortante. É como se eu pudesse sentir novamente o vento no rosto e a brisa geladinha do mar. Mas o que acho legal é que a paisagem me remete a diversas lembranças escondidas na memória, e assim são as vistas que preenchem o nosso dia-a-dia.
Esse é o meu primeiro escrito como moradora de Porto Alegre e por diversas vezes pensei em algo que pudesse definir essa nova fase... Porém, não achei nada que realmente explicasse, algo que não fosse clichê.
Outro dia, na sacada da minha nova casa, fiquei observando a paisagem que compõe a vista frontal do prédio. Assim também foi ao visistar Santa Maria. Da mesma forma que na capital, olhei intensamente a paisagem que pude observar durante anos da janela do meu quarto. Depois veio esta foto, o caminho para ir ao trabalho, as ruas que passo para ir a pós, a quadra de distância da academia... São tantas paisagens diferentes, mas que acabam se tornando semelhantes,  pelo simples fato de nos acostumarmos com elas todos os dias.
Nossa vida pode ser entendida, não falemos da complexidade existêncial dela, mas pelas inúmeras "vistas" que temos durante o nosso caminhar. Como é bom termos novas dimensões de paisagem e novos olhares. Talvez  por isso que viajar seja tão bom! Tudo que vêmos em um "trip" é diferente, é novo, e nosso olhar não está acostumado ao de sempre.
Minha nova vista não tem o mar, não tem algo tão diferente, a não ser às vezes o laguinho do Parcão, mas tem uma nova perspectiva: a de um novo momento. A paisagem tem prédios, casas, árvores e tudo que completa a vista de uma cidade grande, mas para mim ainda é incomum. O caminho para ir ao trabalho também é novo e tenho feito diversos trajetos em cada volta pra casa a fim de descobrir meu habitat.
Da mesma forma, as fotografias nos mostram paisagens e vistas que um dia pudemos conhecer e desfrutar, seja uma, duas ou milhares de vezes. Porém, ao vê-las novamente, conseguimos resgatar dentro da gente a sensação de um dia termos feito parte daquele lugar.
Ao novamente olhar essa foto, sinto um sentimento verdadeiro de que num futuro essa possa ser a paisagem do meu dia-a-dia. Vê-la me traz alegria de saber que muitos dos ciclos da minha vida começaram e se encerraram ali . Hoje, vejo como uma lembrança, mas um dia, quem sabe, será mais uma das vistas constantes e comuns.
As "vistas", paisagens, cenários, seja lá como preferir chamar, fazem parte do caminho a ser trilhado sempre. Nos acompanharão durante toda a existência. Algumas serão mais íntimas, outras mais repulsivas, mas nosso olhar quer mesmo é experimentar novos panoramas. Então viaje, relembre, conheça, teste a visão. Não se acostume, apenas contemple. Faça  novos cenários e nunca deixe de percebê-los.
Que o destino traga consigo muitas paisagens, mas que um dia apenas uma me faça sentir completa...

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Tanto tempo sem colocar uma vírgula se quer nesse blog, mas o momento pede uma escrita. São 15 anos sem um dos meus maiores ídolos: Renato Russo.

Fiz um texto, rápido e modesto para não deixar essa data passar em branco, afinal  "sempre em frente, não temos tempo a perder".. 












'Todos os dias quando acordo, não tenho mais o tempo que passou..' . É, o tempo passa. Passa tanto que muitas vezes nem o vemos passar. É um tiro, ligeiro, rápido e sem volta. Nesse passar, passaram-se 15 anos... Naquele dia, tão normal na normalidade comum do dia-a-dia, aquele 11 de outubro de 1996, Renato Manfredini Júnior dava adeus aos palcos, aos rádios, as telas de TV, aos 'walkmans' e a Terra... O que parecia normal, confundia-se frente a tristeza de perder um dos músicos mais poéticos que esse país já viu. E como se prevesse um lastimável fim, cantou certa vez que ' os bons morrem cedo, assim parece ser quando me lembro de você, que acabou indo cedo demais..'  


Com 45 quilos, Renato nos deixou, nós e uma Legião...  Uma multidão de pessoas que simplesmente abriam o peito e o coração para cantar uma simples e eterna frase , aquela que diz que 'precisamos amar as pessoas como se não houvesse amanhã.." Na época, Renato não divulgou pra ninguém, mas possuia um dos maiores males sem cura: HIV. Quando descobriu, em 1989, preferiu ficar em silencio. Talvez daí tenha surgido a canção e a coragem : 'Não me entrego sem lutar, tenho ainda coração, não aprendi a me render'


Antes e durante a doença e principalmente durante a carreira, seja no Aborto elétrico, seja no Legião Urbana ou mesmo em carreira solo, Renato cantava com a alma, escrevia com o coração e 'cuspia'versos na cara de quem precisasse. Afinal, que país é esse? 
Foi a voz de uma geração que precisava ser ouvida, que necessitava de um interlocutor que sutilmente despejasse verdades... 'somos os filhos da revolução, somos burgueses sem religião, nós somos o futuro da nação, geração Coca-Cola.'


Essa mesma geração coca-cola, uma das poucas que conseguiu ver e ouvir música de verdade via criar-se um poeta, que mesmo entrelinhas mandava alguma mensagem com destino imediato ao coração, sem nunca esquecer a pitada de razão. Algumas, não precisa ser poeta ou artista para entender ou escrever,que 'são as pequenas coisas que valem mais, é tão bom estarmos juntos, e tão simples : um dia perfeito.'

O simples. O frágil. Talvez a identificação imediata que tive com Renato tenha acontecido porque encherguei nele a mesma fragilidade que as vezes percebo em mim. Estar só mesmo rodeado de gente, sentir a pressão e a maldade que existe no mundo de 'gente grande'. Como na fragilidade e insegurança descrita em O Teatro dos Vampiros:
'Quando me vi tendo de viver
Comigo apenas e com o mundo
Você me veio como um sonho bom
E me assustei
Não sou perfeito
Eu não esqueço
A riqueza que nós temos
Ninguém consegue perceber
E de pensar nisso tudo
Eu, homem feito
Tive medo e não consegui dormir..'




O romantismo, que por vezes parece brega, mas que em determinados momentos parece tão simples e doce.. A Lua de prata ainda é a mesma até hoje e ainda beija muitos casais na beira da praia, dizendo 'o mundo pertence a nós'   ou mesmo sussurrando que 'mudaram as estações, nada mudou..'  

Renato Russo, aquele que certo dia 'ganhou um espelho e viu um mundo doente', aquele que transformou a música em poesia, aquele que amava o belo e o feio. Aquele que só queria 'descansar,  chegar ate a praia e ver se o vento ainda estava forte..' e que indagava "aonde está você agora, além de aqui dentro de mim?'

Renato.. o destino, se assim pode-se dizer, tirou você cedo demais dessa vivência na terra, mas deixou como lembrança, conforto e aprendizado, inúmeras letras e mensagens que até hoje são ouvidas, repetidas e admiradas. Conseguir atravessar a fronteira do tempo e ainda assim continuar vivo em nossas lembranças é um legado que poucos podem dizer que conseguiram construir. 
Fã é pouco, sou loucamente apaixonada por cada estrofe. As cinzas lançadas há 15 anos sobre o jardim do sítio de Roberto Burle Marx o vento já tratou de levar, mas o que ficou foi a legião que Renato criou em mim, uma legião que só espera um final feliz...


'E nossa história
Não estará
Pelo avesso assim
Sem final feliz
Teremos coisas bonitas pra contar
E até lá
Vamos viver
Temos muito ainda por fazer
Não olhe pra trás
Apenas começamos
O mundo começa agora, ahh!
Apenas começamos'






quinta-feira, 30 de junho de 2011

No som,  uma melodia para embalar o novo dia que se inicia. Toca devagar, Medley do rei Bob Marley:

"When I was just a kid,
My mommy used to sing this song.
Now I've grown to be a man,
Well, it still lingers deep down in my soul;
I said, it still lingers deep down in my soul. " 






Quando eu ainda era uma garota...
              Nada mais apropriado do que começar um texto assim, na época em que estou prestes a realizar o meu 22º aniversário.  Dizem os astrólogos, numerólogos, seja qual for a ramificação mística, que um mês antes de fazermos aniversario nos encontramos no inferno astral.
Pensei, pensei e não sei se concordo totalmente com isso. Me observando, olhando ao meu redor, sentindo o que muda em mim, lentamente, quase imperceptivel, vejo que me encontro em uma mudança de ciclo.
           Quantas vezes falei de mudanças, de novos rumos, de novas perspectivas e olhares por aqui? Muitas. Mas não sei por qual motivo sinto que esse é um momento ímpar na minha vida.
Para algumas pessoas crescer é dificil e confesso que para mim às vezes é complicado. Me lembro, quase que constantemente, de quando eu era criança, assim como de quando comecei a descobrir o mundo, das vezes que errei, de tantas bobagens que falei simplesmente por ter experimentado pouco da vida.
          Hoje me olhar no espelho é ver uma Laís diferente, tanto fisicamente quanto espiritualmente.Ainda mais sensivel, com uma profundidade infinita de sentimentos, ainda um pouco ingênua com determinadas coisas, mas a cada dia mais apaixonada pelo simples. E por exigir e querer o que é simples, acabo me tornando exigente. É incrivel, mas uma mudança que não era pra ser notada tão facilmente, salta aos olhos de forma muito clara.
          Essa nova fase que se iniciou em abril desse ano fez eu crescer ainda mais. Mas é duro viver e ter que ver tanta hipocresia, falsidade e maldade rolando por aí. Em quase 6 meses de vida em Porto Alegre, ainda me machuca  ter que ver tanto jogo de interesse, tanta traição por coisas tão banais. Por tantas vezes foi e é dificil, mas nada que um pouco de solidão e reflexão para esquecer da sujeira que as pessoas absorvem por tanta ambição. Isso a gente abstrai!
Apesar de ter crescido, amadurecido(estou no processo) e aprendido algumas coisas, estou longe de saber tudo. Talvez eu demore ainda algumas vidas para aprender de fato. Mas aquela menina, que se sujava na praçinha do prédio, que descia ligeira as rampas com a bicicleta rosa, que fazia das escadas do edificio as casas das bonecas, ou mesmo aquela criança que esperava o leite quente e o cafuné para poder dormir, ainda existe.
Dentro de mim, ainda habita a criança levada e a moça sonhadora, que queria mudar o mundo e imaginava que todos poderiam ser iguais. Aquela mesma que um dia usou calças rasgadas curtindo um rock e aquela que tempos depois se renderia a magia da natureza, da praia, do amor e do reggae. Ainda faço manha, gosto de mimos e detesto gente grudenta. Levo comigo a certeza de que mais vale um olhar sincero e um abraço apertado do que mil presentes fúteis. Aprendi que é mais importante conhecer alguém para se relacionar, trocar e somar do que TER alguém para fazer parte de um relacionamento aprisionado e possessivo. Hoje prefiro sexo com sentimento (seja ele qual for) do que mil e uma posições mirabolantes para satisfazer o ego.Aprendi que mais vale um "gosto de você" sincero do que um "eu te amo" vazio..
Daquela menina, guardei o amor excessivo pelas pessoas e a confiança que sempre depositei nelas, mas deixei de lado as amizades instantâneas... elas não existem, acredite!  Aprendi que sofrer e passar trabalho fazem parte da vida e que a felicidade suprema não existe. Sei que devemos viver os dois pólos: quente e frio, salgado e doce, triste e alegre e que nenhuma pessoa passa em nossa vida por acaso. Aliás, acaso não existe. Pelo menos no mundo que eu escolhi.
Daqui a 20 anos, não sei se pensarei da mesma forma, talvez sim... talvez não. Mas o que me interessa saber do que virá? Eu sei do hoje e ele me mostra a cada dia que vale a pena estar aonde estou.
Meus desafios daqui pra frente serão sentir menos pelos outros, saber que não sou Deus para solucionar os problemas de todos, que injustiças existem, que a maldade é da natureza humana, que no inverno sempre fará frio e que devo me agasalhar quando sair de casa.
Que o meu porto existe, seja ele o alegre ou não, mas que está esperando para um dia eu ancorar meu barco.
Velejar... Navegar por aí sendo eu Laís ou as muitas Laíses. Multiplas e única, ao mesmo tempo habitando um ser só. Quero ser todas, sempre, em cada momento poder despertar ou criar uma nova.
Quem diria. 22 anos de vida e passagem pela terra.  Cada vez mais turista e estrangeira, mas sempre uma eterna aprendiz...
ALOHA!

quarta-feira, 16 de março de 2011

Um novo capítulo ...


Observação: s.f. Ato ou efeito de observar.
Exame, análise.
Nota, reflexão.
Nota escrita.
Advertência.
Censura.
Estar em observação, permanecer sob vigilância médica, policial etc.

Se procurares no dicionário a definição para a palavra "observação", verás os significados acima citados. Embora eu prefira adotar os dois primeiros para meus rascunhos textuais  que seguem...

Possuo dois olhos famintos. Não, não se assuste com o peso que os adjetivos possam trazer para as minhas afirmações. Mas é assim que, com o perdão da redundância, os vejo. O faro jornalístico ou a curiosidade aguçada me tornaram muito observadora. Isso pode ser encarado como um fator positivo, pois as pessoas que observam são mais reflexivas.Prefiro pensar assim.
Notei que observar e refletir sobre as coisas a minha volta, sobre as pessoas, as situações, os lugares, me fazia um bem danado e comecei a praticar mais isso. Esquecendo um pouco a criatividade e voltando a um mesmo ponto, cá estou eu pensando em citar a praia da Ibiraquera/SC. 
Não é de hoje que digo que este lugar, que gosto de chamar de mágico, me faz ter novas perspectivas e olhares. Mas cada vez que retorno para casa trago algo novo comigo, alguma coisa que me fez e faz crescer. Pode ser uma experiência diferente, podem ser as duas semanas de intenso recolhimento e isolamento, pode ser uma breve passagem, ou 7 dias de risos e sentimentos bons.
Vou chamar esta nova e recente experiência de "os dias de observação e amor".
Lembro-me exatamente de um momento singular de olhares intensos na beira da praia. Um fim de tarde sozinha, sentada próxima ao mar, observando tudo em silêncio. Sentada com as pernas cruzadas e com o coração escancarado pude sentir amor viajando pelo ar. As pessoas que ali passavam, os cães que seriam de rua, mas que o amável povo local adotou como seus, se aproximando sem medo e pedindo carinho, os surfistas com suas pranchas e a devoção pelo mar, a mãe e a filha brincando na areia, o casal que molhava os pés na calma e quente água da lagoa. Enfim, tantos e tantos seriam os 'cases' de diferentes tipos de amor. Eu estava sozinha, pois as 'hermanas' estavam na Praia do Rosa, mas de qualquer maneira eu não estava completamente só. Em mim brotava a satisfação de estar completa, feliz por nenhum motivo aparente e com o privilégio de poder enxergar essa magia. 
O meu período de amor na Ibiraquera foi intenso. Foi também de descobertas. Ninguém consegue viver sozinho, por mais que precise de momentos de solitude para observar e aprender, como eu fiz. Esse novo momento na Ibiraquera, o do amor, foi especial, pois eu estava com pessoas que amo e que de maneiras diferentes puderam enxergar a mesma mágica. Intercalar momentos de solidão com momentos de risos com pessoas do bem foi extremamente valioso e inesquecível. Momentos assim, sem festas e sem civilização, são muito completos. Nos fazem ver que não precisamos de tantas coisas mundanas para viver. Sem horários, sem rédeas, sem compromissos, sem stress, sem cobranças, sem planos maiores. Estar com pessoas que nos fazem bem, que nos ensinam algo da sua maneira, perto da natureza, simplesmente consumindo vida. 
Eu não conseguiria viver sempre lá. Me lembro de ter dito a minha amiga Maitê que também tenho ambições profissionais e também gosto de badalações. Mas preciso vivenciar algumas (muitas) vezes ao ano esses períodos de aprendizado. 
Volto sempre com novos ensinamentos e novas conclusões e dessas vez, voltei também com muitos questionamentos. 
Afinal, o que quero desta vida? 
Simplesmente viver ou passar meus dias vagarosos cumprindo tarefas e ignorando o que é verdadeiro? O que gosto mesmo de fazer e o que quero fazer nos próximos anos da minha vida? Quero mesmo ficar trabalhando de maneira escravizante ou quero ser feliz com algo que realmente me completa?
As respostas eu ainda não encontrei. Mas tenho o inicio para uma nova busca, a busca pelo que eu sou e do que eu quero para mim. Vou tentar achar o caminho, o verdadeiro caminho. 
Uma coisa que descobri é que nada neste mundo acontece por acaso, nenhuma pessoa que aparece em nossas vidas surge do nada. Cada uma da sua maneira vem nos expor algo diferente. 
Tenho certeza que todas que apareceram na Ibiraquera vieram me mostrar ou me incentivar a buscar também o meu caminho. 
Obrigado vida, obrigada Ibiraquera por mais períodos como esse. 
Agora, além de observar vou também buscar e que nessa busca, novos capitulos aconteçam.. de amor, entrega e luz.




terça-feira, 15 de março de 2011

Não pertenço a esse mundo...
Vivo em um lugar diferente desse aqui. Acho que vim por engano a terra.
Do mundo em que eu vim as pessoas eram  dóceis e sensíveis. Sensíveis ao toque, ao olhar, ao carinho..Lá só tem gente do bem, que faz e passa o bem,que ama em demasiado, que respeita e que cria. O meu mundo é de fantasia, cheio de cor e calor. Meu lugar tem luz, tem brilho, tem energia duradoura e cintilante..
Sou do mundo onde habitam os poetas loucos, que falam de amor e loucura, que choram calados a dor de um mundo doente.Compartilho o mesmo sentimento: o de ver o que ninguém vê (ou poucos veem).Quem dera se o amor fosse o mesmo que eles escrevem. Mas quem dera se o homem pudesse compreende-lo em sua totalidade.
Sou sonhadora demais para esse mundo. Meu coração voa agarrado nos mais mirabolantes sonhos, mas também estende a mão para os mais singelos. É, sou feita de sonhos.. Mas aqui, as pessoas são cruéis demais para entendê-los.
Mas... se esse mundo não é o meu, porque estou aqui?
Que a vida me traga as respostas ou que eu as busque.. Torço, confiante, para que sejam cheias de esperança, como esse coração que impulsiona a escritura dessas palavras.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Demasiadamente incrível, surpreendente e sútil como as músicas nos atingem. As melodias encaixadas, as letras soltas e o tom da voz que nos prendem e nos fazem cantarolar junto. Algumas, grudentas, colam em nossas cabeças como chicletes gastos e ali permanecem até que outra canção surja..
Acho que de todas as artes, a música, talvez, seja a que mais nos complete. Não por ser a mais completa, a mais bonita, ou a mais inteligente, mas por marcar diversos momentos de nossas vidas. Quem nunca pensou em alguém ao ouvir tocar uma canção na rádio? Quem nunca chorou ao lembrar de um momento passado ao recordar uma música que tocava naquele instante?
A música, como arte em geral, nos traz sempre uma mensagem, pode ela ser de amor, amizade, coragem, vida...etc. Mas elas podem querer não dizer absolutamente nada e mesmo assim nos atingir.
E como dizia o rei do reggae Bob Marley : "Uma coisa boa da música é que quando ela te atinge você não sente dor.."
E é a mais pura verdade. Sua capacidade de nos atingir com uma leveza quase nada notável, faz da música uma das mais belas invenções da humanidade. E aí, independe o gosto musical de cada um. A música quebra as barreiras das possibilidades, por trazer inúmeros tipos e gêneros, batidas  graves ou suaves cordas de violão, os loops eletrônicos ou acordes de guitarras. O fazer música, com qualquer que seja o instrumento, é uma das expressões artísticas mais tocantes e emocionantes.
Elas também têm o poder de combinar com os nossos sentimentos. Se estamos tristes e queremos um pouco de solidão, ouvimos uma música que combine com o momento, se queremos festa e estamos felizes, colocamos uma música mais alegre, se desejamos relembrar alguns momentos, escutamos aquilo que nos remete a eles... Aí, já falo como uma canceriana, que sente saudades de tanta coisa..
Até que chegamos a outro ponto relacionado ao mundo musical. Os críticos falam muito do fazer música e que essa geração é notavelmente inferior às passadas. O que, de certa forma, eu concordo. Acho muito dificil alguém superar os velhos e bons rockeiros do passado como Jimi Hendrix, Janis Joplin, John Lenon, Kurt Kobain.. Ou então o mensageiro do roots reggae Bob, e até mesmo um dos rappers mais conhecidos mundialmente o Tupac. Talvez porque foram eles os principiantes, ou porque viviam em um período histórico diferente, mais repressivo e menos democrático. Olhando pela perspectiva nacional, também acho dificil superarem os grandes da música tupiniquin, como Chico Buarque, Caetano Veloso, Elis Regina, Cassia Eller, Cazuza, Renato Russo... eles foram e serão únicos, referências musicais.
Mas ainda são criadas músicas boas (pelo meu olhar), diferentes das clássicas do passado, mas bonitas, se admiradas de outras formas. O mundo mudou, a era é digital, se tudo se transformou, a música não ficaria atrás. E é ai que se nota outra beleza .. A música perpassa as linhas temporais.Ela é atemporal.Isso porque são criadas novas canções , mas as antigas continuam a serem escutadas e pedidas.
- Toca Raul!! -  quem nunca ouviu?

Música é isso. Que atire a primeira pedra quem nunca teve uma canção pra chamar de sua. Pra mim, música é arte, coisas boas, mas é como oxigênio, não vivo sem. Quero continuar sendo atingida por diversas delas, todos os dias.
Porque como disse o eterno fera das guitarras Jimi Hendrix: Music is my life!

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Por um verdadeiro novo ano

Crédito foto: Gus Bencke ;D




E lá atrás, nos fatos que se passaram, eis que surgia o ano novo. Com ele uma bagunça de expectativas nas pessoas. É sempre assim... naquela época todo mundo inventa alguma coisa, do seu jeito mesmo, de pedir. Alguns crêem nas superstições: pular três ondinhas, comer lentilha, uva. Outros preferem ficar em casa com a família, de preferência com roupa branca. E tem gente que quer mesmo festa, aluga uma casa na praia com os amigos e segue o conselho do Mano Brown: “champagne para o alto que é para abrir nossos caminhos”.
            Mas o que tem em comum em todos esses tipos de celebrações é que todos pedem. E pedem muito. Planejam pagar as contas, pedem saúde e paz, querem um novo amor, ou força e confiança no relacionamento que se faz presente, um novo emprego, aumento do salário. A lista é sempre grande. Nesse dia, quase todas as pessoas esquecem de agradecer, afinal queremos mais para o futuro.O passado já passou mesmo, né?
            Enfim, chega o verão. A estação da alegria no rosto, da noite com malícia, da festa cheia de gente, da praia, do mar, do sol, da cerveja gelada, da viagem, dos dias mais longos, do chimas na tardinha, da rede no pátio, do peixe na grelha, dos amores de estações, das histórias mais hilárias que seguem até... o carnaval. Fevereiro e março, momento de soltar as amarras, de aproveitar, de fazer festa ou só descansar. Ou esse pode ser um momento de se preparar para o “ano” que vai iniciar. Também é tempo de se despedir do verão e das suas inúmeras qualidades.
            E ai prepare-se, pois começa tudo de novo. O namoro acaba, o aumentoque você queria não veio, mas você pelo menos está bem de saúde. Ninguém mais lembra o que pediu no dia 31. E nem sempre o que se pediu aconteceu. Mas lá esta você estudando, trabalhando ou aposentado, cheio de coisas pra fazer ou com um tédio inexplicável. Pelo menos, o coração ta batendo e você vive.
            Eis que chega então julho, a metade do ano. E com ele (agora falo por mim) meu aniversário. Se todos refletem no ano novo, eu penso bem mais no 4 de julho. A verdade é que nunca gostei de completar mais um ano bem no inverno, com frio. Mas sempre, independente da estação, é um momento de felicidade. Para mim em particular é também a hora de analisar tudo. Se a vida parece um ciclo que, por sua vez, se repete inúmeras vezes, o aniversário tinha que estar presente.
            Se eu for parar pra pensar, algumas pessoas sempre estão comigo no meu niver. Outras surgiram há pouco tempo. Apesar da vida, no geral, se repetir, algumas coisas se modificam. Talvez hoje eu não queira fazer o que fiz no ano passado. Talvez não tenha muito contato com alguém que eu tinha em 2010, ou mais longe, em 2000.  Depois do frio julho, chega a primavera e o corpo começa a reagir com a proximidade do verão, do calor e claro, do final do ano outra vez..
            E, olhando pra trás, vejo que conquistei muita coisa no ano que se passou. No réveillon passado não pedi nada. Só agradeci. Coincidência ou não, a vida ficou repleta de felicidade e paz.Nesse último, além de agradecer, resolvi ousar um pouquinho e pedi sim. Pedi aos céus, a Deus, a algum profeta, a quem está lá em cima ou dentro de mim, que nesse ano, que parece ser de muitos desafios, que eu tenha força suficiente para seguir sozinha e que meu coração se complete de paz. Nada de novos romances, trabalho novo, aquela viagem sonhada. Não. Resolvi que as coisas tem que acontecer ao natural, portanto, pedi somente o necessário...
Nesse 2011, que chega de mansinho, vou contrariar o ciclo..Os momentos quase inevitáveis que ocorrem nos 365 dias de um ano vão chegar, mas eu vou fazer tudo diferente do que fiz nos meus 21 anos de vida.  Por um ano de muito sucesso e coisa boa. Assim, espero que venha o carnaval, o inverno, o meu aniversário, a primavera, depois ansiosa para a chegada do verão, para chegarmos lá, no dia 31 de dezembro e, finalmente, tudo começar outra vez.