quinta-feira, 18 de julho de 2013

(RE)volta

Tornei querida, Lais. Fiquei silencioso por muito tempo. Redescobri motivos para escrever. Bom saber que ao contrário de mim, tu mantiveste o blog ativo e belo, exalando tuas belas palavras pelos teclados da vida.

Volta pedindo desculpas, pois lembro nossa intenção quando criamos. Mas cá estou, para compartilhar contigo minhas visões e acompanhar as tuas, ai acima do equador agora.

Quanto tempo sem nos falarmos, sem nos vermos, sem interagirmos? Enfim, voltei.

Já sentia saudades.


terça-feira, 28 de maio de 2013

Súbito. Um tanto sutil a forma como as nuvens se aprochegaram no céu hoje. Cinzas, com um peso perceptível, porem nulo. Que peso as nuvens tem? Ao menos se sabe que elas não são feitas de algodão, como bem diz a música dos Engenheiros do Havaí. Eu também acreditava que eram fofinhas, macias e... de algodão. A inocência nos faz crer em um mundo diferente, um lugar que tem  verdade de sobra, mas nunca falta imaginação.
Mas o nosso mundo, o dos adultos, tem hoje um céu cinza. Passa pela minha vaga percepção, um milhão de pensamentos. Mais que divagações, sentimentos. O porto dos casais, o local onde moro(?), tem no inverno as ruas acinzentadas, gélidas, opacas. Um clima meio "porteño", com o calor humano inconfundível advinda das pessoas, mas uma melancolia tão envolvente quanto uma dança de tango.
Não tem como não perceber. De dia, as pessoas se envolvem em pesados casacos, cachecóis envolvendo os pescoços alheios, andam de um lado para o outro na alucinação de uma cidade grande com jeito provinciano. Porto Alegre...
Que tem, agora nos dias frios, noites com ruas vazias, onde se pode ouvir o sopro do vento gelado. 
Hoje o sol não apareceu. Se escondeu nas nuvens pesadas que anunciam a chuva. O dia ficou mais escuro. E é inevitável não ficar melancólico. 
Aonde estão as cores? 
Andar pelas ruas calmas e, até meio interioranas , que me rodeiam, me faz pensar (e sentir) algo que não sei definir. Talvez uma saudade antecipada. Talvez um desejo de fuga anunciado. Talvez apenas um jeito mais profundo de analise sobre tudo. Talvez...

O porto que é alegre, tem no céu hoje um pingo, ou tantos, de profundidade. A melancolia de um dia cinza. Inconfundível. Inevitável não refletir. Impossível não sentir o cheiro da saudade, que vem de mansinho com a chuva. 

Em direção norte elas se vão, preenchem o que ainda está oco. Devagar quase que sem notar, vemos o que o céu causou no dia. Há quem não enxergue. Cegueira do sistema. Meu dia mudou. Ficou sentimental demais. Talvez nem as cores teriam mexido tanto, embaraçado ainda mais os nós dos significados. Ficou cinza. Apenas um tom.

Aonde estão, afinal as cores?

Por trás das nuvens.. 
Hoje as estrelas não vão brilhar. Nem a lua. Que vazia a noite sem a luz delas.




segunda-feira, 6 de maio de 2013

Aquilo que guardamos no peito...

Remexendo o desgastado caderninho de anotações, aquela velha agendinha que nós jornalistas levamos de um lado pro outro à procura da entrevista e da informação necessária, eis que encontro um texto .. Um rascunho repleto de sentimento, cheio de mensagens por entre as linhas. Aquele rio semântico que se perdeu com o tempo real da vida. Tudo, enfim, se vai... Com o passar das horas, com os quilômetros que separam pessoas, com o vazio entre palavras mudas. Eu pressenti. E estava certa. Hoje, limitado ao passado, um tanto vivo, um pouco machucado, mas existente. Entreguei ao destino as cartas que dizem sobre mim. O que será que será? Deixa estar. Saudosista que sou, compartilho aqui meus escritos.  Estava no Rosa, sentada mirando a chuva incessante, divagando na madrugada serena de um lugar que me tem... 


" São três horas da manhã. Ainda não dormi. É tarde... Mas estou hipnotizada pelos olhos daquele com que gastei meus últimos suspiros em uma noite (louca) de amor. 
Olhava com gratidão para todo o seu corpo, já entregue ao sono. Tinha a boca levemente contraída e os olhos cerrados pelo cansaço. Permitia-se aos espasmos involuntários nas pernas, num dormir pesado. Minha retina e pupila observavam a cena com uma leveza desigual. Tudo se iluminava, com elegância, por entre a luz vinda da TV que, por vezes,  mostrava com mais exatidão a sua meia face.
Sabia que teria de deixá-lo no próximo dia...
Sabia, também, que se perder na estrada é fácil demais. 
A vida de viajante tem dessas, prega algumas peças na gente. Ao se entregar a um caminho, abrimos em paralelo outro ramo de possibilidades. Viver o hoje faz com que tenhamos de escolher, encarar as consequências,  mas acima de tudo satisfazer o coração.
Segui-lo (o coração) nunca foi difícil . É sempre real , verdadeiro. Tem um "q" de liberdade e um outro bocado de consciência (a verdadeira). Permita-se, é o que ele sempre me diz.

Continua chovendo e os pensamentos me amarram. Sou grata! A vida nos dá aquilo que damos a ela. É a famosa ação e reação, como diz a física.  Portanto, estar aqui no Rosa é perceber o quanto bem estou semeando. Durante todo o tempo que aqui estive, olhei com tamanha percepção para as paisagens que me acompanhavam pelos caminhos. Da praia para casa; de casa para o centro; das trilhas e vielas; dos contornos esverdeados, do relevo; das ondas completando seus ciclos... É tudo tão leve. Parecido com a "insustentável leveza do ser", aquele leve pesar, com o perdão da redundância, com o qual Milan Kundera se referia em uma de suas obras mais conhecidas.  É tão leve que chega a ser um fardo.

É estranho, pode mesmo parecer, mas é nessa leveza, aqui, mais uma vez, que dei inicio a uma fase de redescoberta e evolução. Percebo o quanto estou crescendo como ser humano, na grande amplitude dessa palavra. A cada momento respiro um novo ar, de liberdade, amor a vida, simplicidade. É muito coração! Ainda pulsa. 

Volto a refletir... Respiro, o mais perto que consigo, o mesmo ar que ele respira, como se quisesse, na tentativa, salvar o máximo dele em todos os meus sentidos. Ele ainda dorme... Eu? Ainda não encontrei uma migalha de sono. Sabe, hoje tive vontade de falar muitas coisas. Olhei fundo nos olhos, que me lançavam tochas de fogo no fundo da alma. Tentei dizer, umedeci os lábios, mas logo, por um segundo, segurei. Indiferente.
Sei que as coisas devem ser ditas. Ninguém quer, afinal, morrer sufocado com o que nunca disse ..
Porém, naquele momento, frente a imensidão de sentimentos que eu guardava no peito, despejá-los seria ignorância e, talvez, precipitação. 
Sincronicidade. Muita. Diluia pelos poros tanto "canibalismo". O cheiro, o sabor, a cor que tinha o   ambiente. O som, o ruido, o gemido, o riso frouxo.. No amor, permeava entre o forte e o leve, sempre intenso, crú e profundo. 
Calei. Deixei tanta coisa a dizer. Sei que muito disso, amanhã, pode se reduzir a passado. Sei que na maior loucura que tudo isso possa parecer, sentirei saudades. Saudades dos olhos mais fundos que conheci.

Se os olhos são os espelhos da alma, fui fundo, ví cores e vi o bem. Ainda bem que tranquei a respiração..."



Laís Prestes Bozzetto, Praia do Rosa, Santa Catarina. 

12/03/03 


quarta-feira, 17 de abril de 2013

Estou com a existência




"Eu não sou um lógico, sou um existencialista. Acredito nesse belo caos da existência

e estou pronto para ir aonde quer que ela vá. Não tenho uma meta, porque a existência não possui uma meta. Ela simplesmente é, florescendo, brotando, dançando - mas não pergunte porque. Apenas um transbordamento de energia, sem motivo algum. Estou com a existência."
Osho

Hasta la America!

Let it flow. Here I Go!