quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Xô pra lá energia ruim!


O importante é manter-se tranquilo e recheado de bons sentimentos.
Aí vai a dica para proteger-se das energias ruins que nos cercam e querem nos atingir. Mais pensamento positivo é o primeiro passo...

PROTEÇÃO ENERGÉTICA PESSOAL

COMO SE DEFENDER DAS ENERGIAS NEGATIVAS

Todos nós sabemos que as energias negativas são uma das maiores preocupações do ser humano. Elas nos alcançam em qualquer lugar do planeta. Mas, podemos nos defender, começando a tomar uma série de atitudes e providências. Abaixo segue seis dicas para começar a combatê-las.


1. NÃO TEMER NINGUÉM
Uma das armas mais eficazes na subjugação de um ser é impingir-lhe o 
medo. Sentimento capaz de uma profunda perturbação interior, vindo até a provocar verdadeiros rombos na aura, deixando o indivíduo vulnerável a todos os ataques. Temer alguém significa colocar-se em posição inferior, temer significa não acreditar em si mesmo e em seus potenciais; temer significa falta de fé.
O medo faz com que baixemos o nosso campo vibracional, tornando-nos assim vulneráveis às forças externas. Sentir medo de alguém é dar um atestado de que ele é mais forte e poderoso. Quanto mais você der força ao opressor, mais ele se fortalecerá.

2. NÃO SINTA CULPA
Assim como o medo, a culpa é um dos piores estados de espírito que existem. Ela altera nosso campo vibracional, deixando nossa aura (campo de força) vulnerável ao agressor. A culpa enfraquece nosso sistema imunológico e fecha os caminhos para a prosperidade. Um dos maiores recursos utilizados pelos invejosos é fazer com que nos sintamos culpados pelas nossas conquistas. Não faça o jogo deles e saiba que o seu sucesso é merecido. Sustente as suas vitórias sempre!

3. ADOTE UMA POSTURA ATIVA
Nem sempre adotar uma postura defensiva é o melhor negócio. Enfrente a situação. Lembre-se sempre do exemplo do cachorro: quem tem medo do animal e sai correndo, fatalmente será perseguido e mordido. Já quem mantém a calma e contorna a situação pode sair ileso. Em vez de pensar que alguém pode influenciá-lo negativamente, por que não se adiantar e influenciá-lo beneficamente? Ou será que o mal dele é mais forte que o seu bem? Por que será que nós sempre nos colocamos numa atitude passiva de vítimas? Antes que o outro o alcance com sua maldade, atinja-o antecipadamente com muita luz e pensamentos de paz, compaixão e amor.

4. FIQUE SEMPRE DO SEU LADO

A maior causa dos problemas de relacionamentos humanos é a “Auto-Obsessão”.
A influência negativa de uma pessoa sobre outra sempre existirá enquanto houver uma idéia de dominação, de desigualdade humana, enquanto um se achar mais e outro menos, enquanto nossas relações não forem pautadas pelo respeito mútuo. Mas grande parte dos problemas existe porque não nos relacionamos bem com nós mesmos.
“Auto-Obsessão” significa não se gostar, não se apoiar, se autoboicotar, se desvalorizar, não satisfazer suas necessidades pessoais e dar força ao outro, permitindo que ele influencie sua vida, achar que os outros merecem mais do que nós. Auto-obsediar-se é não ouvir a voz da nossa alma, é dar mais valor à opinião dos outros.
Os que enveredam por esse caminho acabam perdendo sua força pessoal e abrem as portas para toda sorte de pessoas dominadoras e energias de baixo nível. A força interior é nossa maior defesa.

5. SUBA PARA POSIÇÕES ELEVADAS
As flechas não alcançam o céu. Coloque-se sempre em posições elevadas com bons pensamentos, palavras, ações e sentimentos nobres e maduros.Uma atmosfera de pensamentos e sentimentos de alto nível faz com que as energias do mal, que têm pequeno alcance, não o atinjam. Essa é a melhor forma de criar “incompatibilidade” com as forças do mal. Lembrem-se: energias incompatíveis não se misturam. 

6. FECHE-SE ÀS INFLUÊNCIAS NEGATIVAS
As vias de acesso pelas quais as influências negativas podem entrar em nosso campo são as portas que levam à nossa alma, ou seja, a mente e o coração. Mantenha ambos sempre resguardados das energias dos maus pensamentos e sentimentos, e fuja das conversas negativas, maldosas e depressivas.
Evite lugares densos e de baixo nível. Quando não puder ajudar, afaste-se de pessoas que não lhe acrescentam nada e só o puxam para o lado negativo da vida. O mesmo vale para as leituras, programas de televisão, filmes, músicas e passatempos de baixo nível.


segunda-feira, 3 de setembro de 2012




Ai Chico, a cada dia chego a mesma conclusão: só você para entender as mulheres (e o amor) com tanta suavidade e intensidade.


segunda-feira, 27 de agosto de 2012

(des)construindo

"Te segredo em segredo o que exatamente convinha. Ris, toda olhar e em parte boca, efusiva e próxima, e eu gosto verdadeiramente de ti."   


Essa frase é do poeta português Fernando Pessoa, artista que admiro muito pela forma como dispunha seus sentimentos em versos. Triste, porém apaixonado (existe?). Controvérsias à parte,  admiro a forma como ele vê o amor e como ele recita isso com uma sinceridade secreta. Pessoa veste a carapuça de seus heterônimos com facilidade e, ainda que  contenham traços do escritor, possuem características marcantes. Ainda assim, é possível notar  traços definidos do poeta e, na prosa, a revelação não proposital de seu âmago aprisionado. 

 “Pus no Caeiro todo o meu poder de despersonalização dramática, pus em Ricardo Reis toda a minha disciplina mental, vestida da música que lhe é própria, pus em Álvaro de Campos toda a emoção que não dou nem a mim nem à vida”, escreveu ele ao amigo Adolfo Casais Monteiro. 

Nessa poesia, Pessoa nos desconstrói para depois juntar os cacos estapafúrdicos espalhados no chão da própria existência, para só assim tentarmos compreender o que realmente somos.  





      TABACARIA

    Não sou nada.
    Nunca serei nada.
    Não posso querer ser nada.
    À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.

    Janelas do meu quarto,
    Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
    (E se soubessem quem é, o que saberiam?),
    Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
    Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
    Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
    Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
    Com a morte a por umidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
    Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.

    Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
    Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
    E não tivesse mais irmandade com as coisas
    Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
    A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada
    De dentro da minha cabeça,
    E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.

    Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu.
    Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
    À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
    E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.

    Falhei em tudo.
    Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
    A aprendizagem que me deram,
    Desci dela pela janela das traseiras da casa.
    Fui até ao campo com grandes propósitos.
    Mas lá encontrei só ervas e árvores,
    E quando havia gente era igual à outra.
    Saio da janela, sento-me numa cadeira. Em que hei de pensar?

    Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
    Ser o que penso? Mas penso tanta coisa!
    E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!

    Gênio? Neste momento
    Cem mil cérebros se concebem em sonho gênios como eu,
    E a história não marcará, quem sabe?, nem um,
    Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.
    Não, não creio em mim.
    Em todos os manicômios há doidos malucos com tantas certezas!
    Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?
    Não, nem em mim...
    Em quantas mansardas e não-mansardas do mundo
    Não estão nesta hora gênios-para-si-mesmos sonhando?
    Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas -
    Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas -,
    E quem sabe se realizáveis,
    Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente?

    O mundo é para quem nasce para o conquistar
    E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.

    Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez.
    Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo,
    Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu.
    Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda,
    Ainda que não more nela;
    Serei sempre o que não nasceu para isso;
    Serei sempre só o que tinha qualidades;
    Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta,
    E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira,
    E ouviu a voz de Deus num poço tapado.
    Crer em mim? Não, nem em nada.
    Derrame-me a Natureza sobre a cabeça ardente
    O seu sol, a sua chava, o vento que me acha o cabelo,
    E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha.
    Escravos cardíacos das estrelas,
    Conquistamos todo o mundo antes de nos levantar da cama;
    Mas acordamos e ele é opaco,
    Levantamo-nos e ele é alheio,
    Saímos de casa e ele é a terra inteira,
    Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido.


    (Come chocolates, pequena;
    Come chocolates!
    Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
    Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
    Come, pequena suja, come!
    Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!
    Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho,
    Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.)

    Mas ao menos fica da amargura do que nunca serei
    A caligrafia rápida destes versos,
    Pórtico partido para o Impossível.

    Mas ao menos consagro a mim mesmo um desprezo sem lágrimas,
    Nobre ao menos no gesto largo com que atiro
    A roupa suja que sou, em rol, pra o decurso das coisas,
    E fico em casa sem camisa.

    (Tu que consolas, que não existes e por isso consolas,
    Ou deusa grega, concebida como estátua que fosse viva,
    Ou patrícia romana, impossivelmente nobre e nefasta,
    Ou princesa de trovadores, gentilíssima e colorida,
    Ou marquesa do século dezoito, decotada e longínqua,
    Ou cocote célebre do tempo dos nossos pais,
    Ou não sei quê moderno - não concebo bem o quê -
    Tudo isso, seja o que for, que sejas, se pode inspirar que inspire!
    Meu coração é um balde despejado.
    Como os que invocam espíritos invocam espíritos invoco
    A mim mesmo e não encontro nada.

    Chego à janela e vejo a rua com uma nitidez absoluta.
    Vejo as lojas, vejo os passeios, vejo os carros que passam,
    Vejo os entes vivos vestidos que se cruzam,
    Vejo os cães que também existem,
    E tudo isto me pesa como uma condenação ao degredo,
    E tudo isto é estrangeiro, como tudo.)

    Vivi, estudei, amei e até cri,
    E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu.
    Olho a cada um os andrajos e as chagas e a mentira,
    E penso: talvez nunca vivesses nem estudasses nem amasses nem cresses
    (Porque é possível fazer a realidade de tudo isso sem fazer nada disso);
    Talvez tenhas existido apenas, como um lagarto a quem cortam o rabo
    E que é rabo para aquém do lagarto remexidamente

    Fiz de mim o que não soube
    E o que podia fazer de mim não o fiz.
    O dominó que vesti era errado.
    Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
    Quando quis tirar a máscara,
    Estava pegada à cara.
    Quando a tirei e me vi ao espelho,
    Já tinha envelhecido.

    Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.
    Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
    Como um cão tolerado pela gerência
    Por ser inofensivo
    E vou escrever esta história para provar que sou sublime.

    Essência musical dos meus versos inúteis,
    Quem me dera encontrar-me como coisa que eu fizesse,
    E não ficasse sempre defronte da Tabacaria de defronte,
    Calcando aos pés a consciência de estar existindo,
    Como um tapete em que um bêbado tropeça
    Ou um capacho que os ciganos roubaram e não valia nada.

    Mas o Dono da Tabacaria chegou à porta e ficou à porta.
    Olho-o com o deconforto da cabeça mal voltada
    E com o desconforto da alma mal-entendendo.
    Ele morrerá e eu morrerei.
    Ele deixará a tabuleta, eu deixarei os versos.
    A certa altura morrerá a tabuleta também, os versos também.
    Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta,
    E a língua em que foram escritos os versos.
    Morrerá depois o planeta girante em que tudo isto se deu.
    Em outros satélites de outros sistemas qualquer coisa como gente
    Continuará fazendo coisas como versos e vivendo por baixo de coisas como tabuletas,


    Sempre uma coisa defronte da outra,
    Sempre uma coisa tão inútil como a outra,
    Sempre o impossível tão estúpido como o real,
    Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície,
    Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra.


    Mas um homem entrou na Tabacaria (para comprar tabaco?)
    E a realidade plausível cai de repente em cima de mim.
    Semiergo-me enérgico, convencido, humano,
    E vou tencionar escrever estes versos em que digo o contrário.

    Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los
    E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.
    Sigo o fumo como uma rota própria,
    E gozo, num momento sensitivo e competente,
    A libertação de todas as especulações

    E a consciência de que a metafísica é uma consequência de estar mal disposto.

    Depois deito-me para trás na cadeira
    E continuo fumando.
    Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando.

    (Se eu casasse com a filha da minha lavadeira
    Talvez fosse feliz.)
    Visto isto, levanto-me da cadeira. Vou à janela.
    O homem saiu da Tabacaria (metendo troco na algibeira das calças?).
    Ah, conheço-o; é o Esteves sem metafísica.
    (O Dono da Tabacaria chegou à porta.)
    Como por um instinto divino o Esteves voltou-se e viu-me.
    Acenou-me adeus, gritei-lhe Adeus ó Esteves!, e o universo
    Reconstruiu-se-me sem ideal nem esperança, e o Dono da Tabacaria sorriu.


    Álvaro de Campos, 15-1-1928

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Leve , leve como o vento...

Respire fundo, tão fundo que já não dê mais pé.
O vento é o mesmo. Cheio de vida, livre de peso. Esse mesmo suave que acaricia minha pele, adentra a janela e empurra meus olhos até fechar. Sinta.
A falsa primavera de agosto, engana os verdadeiros amantes de vida, esses que contemplam o delicioso vazio do vento. Vazio que completa.
Deixo-os com essa recente descoberta. Leve, leve como o vento...




Agora o sol já vai embora mais tarde...

sábado, 21 de julho de 2012

Captivated by the sound



Fat Freddy's Drop. Da Nova Zelândia para o mundo Sem mais.




Flashback - Fat Freddy's Drop

"There's something natural in the way you touch me
It's a feeling that I can't describe
Something mystic in that soul connection
Something magic in your misty eyes

Don't you say that it's all the same
Don't you say that it's all the same, no
'Cos there's something that I can't explain, 'bout this
Something that I can't explain, yeah yeah

No use in looking further
You know it isn't there
And you can stare all you want
The answers won't appear
Try to find it but I lose myself
I lose myself in you
I said, I lose myself in you
Yes, I lose myself in you
Yeah, I lose myself in you

Breathe easy lovers 
Breathe easy

I know you're only wasting time
Breathe easy
Questioning between the lines
Breathe easy
Feeling knows no name
It is, what it is, and there's no explaining
What it is, what it is, yeah yeah-eah"

Show em São Francisco, EUA.  A vibe do local diz tudo. Música é celebração. Não encontrei o vídeo no youtube, dessa música neste show, mas trago aqui o link do show completo.





terça-feira, 17 de julho de 2012

Se alguem por mim perguntar, diga que eu só vou voltar,Depois que eu me encontrar...

Todos os anos eu tento escrever alguma coisa no período que antecede meu aniversário. Contrariando o hábito e, talvez ,fortalecendo a ideia do '2012' esse ano não escrevi absolutamente nada. Talvez se eu tivesse pensado em colocar em frases meus devaneios sobre essa data duas semanas antes do dia em que completei 23 anos de vida, o texto seria só alegrias e agradecimento. Tem como reclamar de um ano desses? Jamais. Costumava dizer que esse era diferente, estava sendo especial por tantos motivos. E por nenhum também. Porque quanto mais temos motivos para ser feliz, mais nos frustramos quando eles passam.  Mas deixei de lado a escritura, deixei pra depois, o que jamais faço, e acabei encontrando só agora um momento para refletir sobre o então atual momento. Não preciso entrar em detalhes sobre o que realmente me aconteceu e o quanto isso me afetou. Chorei, fiquei indignada, sofri e só depois usei das horas e dias em solitude para tentar entender o "porque" e, mesmo assim, fiquei sem compreender. 

Hoje, vinte e um dias depois, ainda me lembro exatamente daquele inicio de noite dramático. Arrisco dizer, nessa minha tão alegre vida, que esse é o maior problema que enfrente e, mesmo assim, tão pequeno. Estava em uma fase de aprendizados, de introspecção, de amor a vida. Como poderia uma coisa dessas acontecer? Eu que sempre defendi que a vida nos dá o que damos pra ela, me senti injustiçada ao ver que ela não estava retribuindo com o que eu tinha lhe oferecido: amor. Então, como pode?

Custei e ainda custo a entender, mas algumas respostas encontrei. Não foi preciso recorrer a livros, nem religiosos, nem médicos, nem mesmo a natureza. Foi necessário (e ainda vai ser) mergulhar no mais fundo que eu possa chegar do meu ser porque a única resposta que tive até agora é que o que pretendo descobrir esta aqui ,dentro de mim. 
Se em 2011 passava o dia do meu aniversário fazendo mudança de apartamento em Porto Alegre, recheada e absorvida por tantas esperanças, 2012 foi dia de alta do hospital e, porque não, cheia de esperanças. A vida é meio doida. Como entender? Porque entender?

Acredito mais do que nunca, que poucas são as pessoas que passam por coisas assim na vida, mas que se ganharam esse fardo é porque poderiam carregar. Não posso ser hipócrita a ponto de dizer que estou na mais pura felicidade, mas , de certa forma, me sinto iluminada por receber uma missão tão grandiosa para superar. Tenho certeza que ao final de tudo isso, estarei ainda mais madura e consciente de mim.

Sabe, sonho com pequenas coisas, como levantar da cama com os dois pés, dançar uma música, tomar banho em pé, andar pelas ruas, de entrar no mar... (da endorfina e do sexo também, pq não?! hehe). Coisas tão básicas, mas que acabamos esquecendo de valorizar durante os corridos e nostálgicos dias.  Contudo isso, com tantos anseios e vontades ainda aprisionadas pela impossibilidade de realizá-los, sei que é preciso, antes de tudo, me encontrar. 

É isso que tenho e vou buscar nesse meu período off. Como Cartola, esse que sempre me faz companhia em momentos de lágrimas e sorrisos, "vou por aí a procurar, rir pra não chorar."  E segue...


"Quero assistir ao sol nascer
Ver as águas dos rios correr
Ouvir os pássaros cantar
Eu quero nascer
Quero viver...

Deixe-me ir

Preciso andar
Vou por aí a procurar
Rir prá não chorar
Se alguém por mim perguntar
Diga que eu só vou voltar
Depois que me encontrar..."



domingo, 24 de junho de 2012

Amar - Carlos Drummond de Andrade interpretado pelo ator Paulo José.

Que pode uma criatura senão,
entre criaturas, amar?   




http://www.youtube.com/watch?v=5uP7Ctcxqhk 


Mas as coisas findas, muito mais que lindas, essas ficarão. (C. Drummond)

sexta-feira, 22 de junho de 2012






Porque tem coisas que a gente não precisa nem falar, muito menos escrever.
A arte é meu refúgio.
Várias (incontáveis) doses de Whisky hoje a noite. Não tem dor que perdure.

 "A saudade mata a gente" - Maria Bethania
http://www.youtube.com/watch?v=I3IKJgXDNPU&feature=related


 Fernando Pessoa:

Ah, quanta vez, na hora suave
Em que me esqueço,
Vejo passar um vôo de ave
E me entristeço!
Por que é ligeiro, leve, certo
No ar de amavio?
Por que vai sob o céu aberto
Sem um desvio?
Por que ter asas simboliza
A liberdade
Que a vida nega e a alma precisa?
Sei que me invade
Um horror de me ter que cobre
Como uma cheia
Meu coração, e entorna sobre
Minh’alma alheia
Um desejo, não de ser ave,
Mas de poder
Ter não sei quê do vôo suave
Dentro em meu ser.
( Fernando Pessoa )


....


Há doenças piores que as doenças,
Há dores que não doem, nem na alma
Mas que são dolorosas mais que as outras.
Há angústias sonhadas mais reais
Que as que a vida nos traz, há sensações
Sentidas só com imaginá-las
Que são mais nossas do que a própria vida.
Há tanta cousa que, sem existir,
Existe, existe demoradamente,
E demoradamente é nossa e nós…
Por sobre o verde turvo do amplo rio
Os circunflexos brancos das gaivotas…
Por sobre a alma o adejar inútil
Do que não foi, nem pôde ser, e é tudo.
Dá-me mais vinho, porque a vida é nada.
( Fernando Pessoa )


Por fim, os dois juntos: Bethania e Pessoa (como Álvaro de Campos)

http://www.youtube.com/watch?v=mySpCTLbK9A&feature=related







quinta-feira, 14 de junho de 2012

Você não está no mundo, o mundo está em você

     Estou em uma fase bem "in" da minha vida. Na última vez que escrevi por aqui, ainda não tinha vivido e compreendido muitas coisas que, nesse período de tempo ausente, pude aprender com eficiência e gratidão. Desde o último dia de 2011  até o primeiro de 2012 começou uma jornada de entrega ao todo. Ao todo que digo é a vida, ao mundo, ao planeta, ao universo... sim, ao TODO. Já se passaram seis meses desse ano que promete abrir uma nova era, pelo menos segundo os Maias,  mas já aconteceram tantas coisas que tenho a impressão de ter vivido ainda mais. Intensidade , aventura, quebra de medos e limites, descobertas, inúmeros aprendizados, sentimentos aflorados ao máximo, conhecimento, novos elos de amizades e relações, a busca incessante  pela real liberdade. 
      Os maias, por exemplo, acreditavam que a nossa Galáxia segue um ciclo imutável, o que pode e deve ser mudado é a consciência da humanidade rumo à evolução. Mas que evolução é essa? Mental, física, espiritual? Que tipo de óculos devemos tirar para poder enxergar o que não podemos ver e muito menos sentir?  Definitivamente, que me desculpem os totalmente céticos, mas 2012 parece mesmo ser um ano diferente e eu acredito que essa diferença seja mesmo uma espécie de triagem natural, onde aqueles que não compreenderem o real significado de ser, estar, permanecer e compreender o universo, vão abdicar da necessária evolução da humanidade. 
      Frente a isso tudo, com tanta veemência e ao mesmo tempo brandura e suavidade que os brindo com pedaços de um livro genial e de um autor que dispensa maiores comentários. Deepak Chopra é um médico indiano erradicado nos EUA. Mente, quântica e tantos outros estudos fazem parte da sua  bibliografia. 

Esses trechos que vocês vão ler a seguir são do livro "O efeito sombra" do Deepak Chopra, Debbie Ford e Marianne Williamson. Boa leitura e não esqueçam "Você não está no mundo, o mundo está em você"...







Foto: André Larrêa


PRIMEIRA PARTE - DEEPAK CHOPRA
Mas a nova pesquisa sobre o contágio social é empolgante, porque respalda a noção de que, na verdade, há uma mente que coordena não apenas o modo como as pessoas captam os modismos umas das outras, ou decidem imitar-se; não apenas a que distância as células cerebrais sabem o que outras células cerebrais estão fazendo, mas re¬motos fenômenos, como o de gêmeos separados por milhares de quilômetros que subitamente sabem o que está se passando um com o outro. Esses conectores invisíveis vêm trazendo o inconsciente coletivo a muitas, muitas áreas da vida. O contá¬gio social está se transformando em notícia, porque todos gostamos de confiar em dados, embora a possibilidade de sermos todos integrantes de uma só mente desafie a religião, a filosofia e o significado da própria vida.

A sombra, portanto, é um projeto compartilhado. Qual¬quer um pode ter participação em sua construção. Tudo o que você precisa é a habilidade de permanecer inconsciente. 

Você não tem experiência na ausência do contraste: luz e sombra; prazer e dor; acima e abaixo; à frente e para trás; quente e frio. Se não hou¬vesse divisões, não haveria manifestação. A consciência seria um campo vastamente árido, como um deserto. Você estaria ciente de tudo, porém, de nada em particular.
Desse modo, para ter uma manifestação, você precisa de energias opostas. Por isso inimigos declarados também são aliados ocultos. Osama bin Laden e George Bush, por exemplo, criaram um ao outro. Na superfície, eram inimigos; porém, no fundo, eram aliados. É um princípio genérico. Você precisa de seus inimigos para ser quem você é. 

O que você chama de "eu" na verdade é "nós" em grau muito mais abrangente do que você imagina.

De onde veio a sombra? O impulso pela separação criou o contraste — e a guerra — entre a luz e a escuridão. Quando a separação se torna patológica, ela se manifesta como impulsos da sombra: raiva, medo, inveja e hostilidade. Portanto, a alma humana se sente simultaneamente divina e diabólica, sagrada e profana, santa e pecadora. Nas tradições da sabedoria oriental, temos um ditado que diz que o pecador e o santo estão mera¬mente trocando de papel. 

Não se pode ter Deus sem o Diabo.
O que é o Diabo? É a sombra mística, o anjo caído, mas ele nasceu divino. Na verdade, outra forma de interpretar a palavra "diabo" é "o divino quando não se sente bem". Há uma conclusão chocante escondida por trás disso: não se pode ter um universo se não houver a escuridão lutando contra a luz. 

A maioria das pessoas já viu um holograma criado com o uso da luz a laser. Utilizando apenas o fragmento de uma foto ou objeto, o laser pode recriar o objeto, ou a foto, de forma integral, como se fosse mágica. Em vez de um fragmento, a plenitude surge à sua frente. Da mesma forma, mesmo que você esteja preocupado com os fragmentos da vida diária — cozinhar, trabalhar, divertir-se, coisas de que gosta ou não —, na realidade, sua mente projetou um holograma para você habitar. Você vive dentro da plenitude. O impulso holográfico não pode ser desligado ou destruído. Embora você possa olhar em volta e desgostar de muita coisa que vê em seu mundo pessoal, sentindo-se encurralado por outras pessoas e situações difíceis, você detém o poder de criar um holograma totalmente novo. Um novo holograma implica um novo self. 

O que temos aqui é uma dica para um dos mais profundos segredos espirituais: o poder de alterar a realidade. Tal poder não está disponível na superfície da vida, motivo pelo qual as pessoas se sentem arremessadas de um lado para o outro pelas circunstâncias ex¬ternas. Você precisa encontrar o nível da alma, onde o impulso holográfico pode criar qualquer coisa.

A superioridade camufla o sentimento de fracas¬so ou o de que os outros o rejeitariam se soubes¬sem quem você realmente é.

Você não está no mundo. O mundo está em você.

A vida — no sentido da sua vida e da minha — transcende qualquer orientação de ganhar ou perder. A plenitude vai além das explicações simplistas de causa e efeito. Na teia dos relacionamentos, você funciona num contexto muito maior. Quando enxergar a si mesmo como parte do todo, surgirá um novo entendimento. Não há necessidade de rotular a si mesmo ou qualquer outra pessoa como parte do drama bem versus mal, certo versus errado. Você pode trocar o julgamento pela verdadeira experiência de compaixão, amor e perdão. É essa a cura que vem de ser pleno.

A plenitude sempre tenta restaurar a si mesma. Seu corpo tem um leque de técnicas de cura. A plenitude e a cura estão intimamente ligadas (as duas palavras derivam da mesma raiz, em sânscrito). 

É crucial saber que você não vai deixar de ser você mesmo se buscar a transformação.
O mundo de contrastes é sedutor e dramático. Sem o contraste, será que estaríamos condenados à mesmice eterna? Quanto mais forte a luz, maior a sombra. Não se trata de algo criado pela humanidade; é o modo como a natureza funciona. A alternativa não é praticável. Se o universo não tivesse as forças criativas se opondo simultaneamente ao declínio, ou entropia, não haveria universo.

Precisamos dessas forças opostas, mas esse não é um argumento para a dualidade. Na verdade, é um forte argumento para a plenitude, já que é preciso uma perspectiva bem maior que isso, de ambos os lados, para mantê-las em equilíbrio.

No plano do ego, constantemente nos iludimos ao pensar que ser absolutamente bom é possível. Nunca mais vamos mentir, trapacear, sentir inveja, perder a calma ou ceder à ansiedade. Essa intenção nunca dá certo, porque ser totalmente bom, o tempo todo, é tão rígido quanto ser qualquer outra coisa o tempo todo. Há momentos em que é absolutamente certo e saudável ficar zangado ou sentir medo. A falha no pensamento positivo é que você não pode ser positivo o tempo inteiro. É uma atitude sã lutar contra ditadores, se opor à opressão de todas as formas, dizer a corruptos que eles estão errados, e por aí adiante. A vida apresenta desafios vindos do lado obscuro. Não precisamos endemoniar a sombra; ela é a fonte de quase todos os desafios que valem a pena ser enfrentados.

A ilusão na qual recaímos é pensar que a vida nos força a escolher entre o bem e o mal. Na realidade, há um terceiro caminho, que é ser pleno. Da perspectiva da plenitude, você pode equilibrar a escuridão e a luz sem se tornar escravo de nenhuma delas. A oposição entre as duas pode se transformar em tensão criativa. O mocinho tem que continuar ganhando, mas é melhor o bandido não perder de vez, pois então seria o fim da história. O universo ficaria como um museu, mumificado eternamente.

Quando você tiver a experiência de ser a própria fonte e seu mundo, ao mesmo tempo, você se tornará pleno. 

Diga a palavra "elefante" para si mesmo. Antes de surgir à mente, o seu vocabulário estava longe ou perto? Usamos a consciência por motivos individuais, a serviço do "eu e meu", porém, você pode se localizar no tempo e no espaço sem conseguir localizar sua consciência. Não há distância entre você e uma lembrança, você e o pensamento seguinte. Partindo da perspectiva da plenitude, já que tudo está sendo coordenado de uma só vez, a distância é irrelevante.
O que conduz a uma conclusão empolgante: seu potencial para a mudança também não está distante. Potencial é o mesmo que possibilidades não vistas. Ou você vê que algo é possível, ou não vê. Portanto, o impossível é apenas outro nome para o que não é visto. Consequentemente, a sombra, que o faz enxergar um mundo limitado, temeroso e repleto de ameaças e possibilidades sombrias, está mascarando muitas possibilidades não vistas, que poderiam saltar diante de seus olhos se você se expandisse além da sombra. 

No fim das contas, a plenitude é o mesmo que encontrar sua fonte. Não há divisão na fonte. 

Você está vivendo perto da fonte da consciência se as afirmações a seguir forem verdadeiras:

Está em paz.
Não pode ser abalado de seu centro.
Possui autoconhecimento.
Sente compaixão sem julgamento.
Vê a si mesmo como parte do todo.
Não está no mundo. O mundo está em você.
Ações espontaneamente o beneficiam.
Seus desejos se manifestam facilmente, sem desgaste nem esforço.
Pode executar ações intensas com desprendimento.
Não está visando nenhum resultado pessoal.
Sabe como se render.
A realidade de Deus é visível em toda parte.
A melhor época é o presente.

O primeiro passo é o mais importante. Não seja leal à dualidade. Pare de rotular, culpar e julgar. Abra mão das fantasias de mostrar ao mundo que você está certo e os outros estão errados. Os professores espirituais vêm ofertando esse conselho há séculos. Lembre-se do que os Vedas proclamam: "Você não está no mundo. O mundo está em você". 

Para encontrar amor, você tem de ser capaz de enxergar a si mesmo como alguém que pode ser amado. 

O medo da rejeição incapacita milhões de pessoas. Ele faz com que o amor não correspondido seja uma tragédia compreendida por todas as culturas. Espiritualmente, você não pode ser rejeitado, a menos que rejeite a si mesmo. 

Quando você rotula a si mesmo, ou a qualquer pessoa, como ruim, errado, inferior, indigno etc., está olhando por uma lente limitada. Amplie sua visão e ficará ciente de que todos, por mais falhos, são completos e plenos no nível mais profundo. 

E nesse sentido que figuras como Jesus ou Buda puderam ter compaixão por qualquer um. Vendo a plenitude por trás do jogo de luz e escuridão, eles não achavam nada a culpar. O mesmo se faz verdadeiro para o caminho espiritual que você segue. Conforme se enxergar de modo mais completo, terá compaixão por suas falhas, o que o conduzirá à autoaceitação completa.

Já vi pessoas evoluírem rapidamente praticando uma simples meditação cardíaca, na qual se sentam, em silêncio, e direcionam a atenção ao coração; e outras se beneficiarem pelo acompanhamento dos movimentos respiratórios de olhos fechados. Acaba-se experimentando inteiramente o verdadeiro self — algo que pode ser alcançado pela meditação com mantras, originada na índia védica, ou com as técnicas de meditação vipassana, do budismo, para mencionar apenas dois métodos comprovados. 

Em seu cami¬nho espiritual, você deve começar a experimentar o seguinte:
A vida fica mais fácil, destituída de esforço.
Você age de maneira mais espontânea.
O mundo já não traz reflexos negativos.
Seus desejos são realizados com mais facilidade.
Você encontra felicidade na simples existência. Estar aqui é o suficiente.
Você ganha percepção própria sabendo quem realmente é.
Sente-se incluído na plenitude da vida.

SEGUNDA PARTE - DEBBIE FORD

Aquilo do que você anda se escondendo pode, na verdade, lhe dar o que você vem tentando encontrar com tanto afinco.

A boa notícia é que todos os aspectos próprios chegam como dádivas. Cada emoção e cada traço que possuímos ajudam a in¬dicar o caminho de volta à singularidade. O lado sombrio existe para apontar onde ainda somos incompletos, para nos ensinar o amor, a compaixão e o perdão — não apenas aos outros, mas também para nós mesmos. E, quando a sombra é abraçada, ela irá curar nosso coração e nos abrir a novas oportunidades, no¬vos comportamentos e um novo futuro. 

Tendo enfrentado nossos demônios internos, somos preenchidos pela paz e pela compaixão na presença do lado sombrio de ou¬tras pessoas. Conseguimos perdoar e abrir mão de julgamentos degradantes e do coração ressentido. 

Quando verdadeiramente compreendemos nossa sombra e suas dádivas, não há dedos para apontar ou culpar nossos pais, professores e o passado, porque a sombra é um sistema de libertação para um futuro extraordinário. Compreender como ela se formou destranca a porta para um poder pessoal enorme e uma profunda sabedoria.

Para começar a compreender quanto a sombra é essencial, tente imaginar uma história sem nenhum conflito ou herói, cuja virtude nunca é colocada à prova pelo adversário digno. O herói de qualquer história não poderia existir se não fosse pelos vilões que o desafiam ao longo do caminho. Se o que diz a tradição ocidental realmente for verdadeiro, que "o pecador e o santo estão meramente trocando de papéis", então, o conflito entre a natureza superior e inferior cria uma tensão necessária para impulsionar nossa evolução como se¬res humanos. 

Um cineasta que faz filmes cristãos subitamente fica bêbado e, aos berros, faz comentários antissemitas na fúria da bebedeira. Um astro do rádio que ganha a vida sendo um grande comunicador de repente faz um insulto racial que destrói sua carreira e reputação. Uma jovem e ambiciosa professora que joga fora o futuro por fazer sexo com um aluno de catorze anos. Uma estrela de cinema que pode pagar por praticamente qualquer coisa e é flagrada roubando em lojas. Todos esses impulsos reprimidos e escondidos que tentamos administrar são como bombas-relógio esperando para explodir.
E podemos ter certeza de que o Efeito Sombra surgirá no momento menos oportuno — quando estivermos à beira do sucesso financeiro ou vivendo um novo romance; a poucos dias de nos aposentar ou prestes a fechar um negócio que poderia mudar nossa vida para sempre. Esses são os momentos em que sabotamos o próprio sucesso, conscientemente ou não, quando uma escolha feita sob a névoa da inconsciência mina o progresso pelo qual trabalhamos durante anos. Uma sabotagem pessoal é a exteriorização da vergonha interna escondida nos recônditos escuros da mente inconsciente. Pelo fato de não termos tido sabedoria, coragem ou recursos para fazer as pazes com o que reprimimos por culpa, medo ou vergonha, isso é forçado à exposição para que possamos recuperar o self perdi¬do e voltar ao estado de transparência do self pleno.

Somente quando o comportamento autodestrutivo já não é mais segredo é que podemos olhar objetivamente os danos que estamos causando a nós mesmos e aos que estão ao redor, e encontramos motivação para mudar. Só após os filhos voltarem da escola e encontrarem a luz cortada é que nos dispomos a encarar o vício no jogo. É preciso ser detido no trânsito para despertarmos para o fato de que o hábito de beber está fora de controle. Quando saímos para jantar com amigos e o garçom anuncia que o cartão foi recusado, finalmente nos damos conta de que os gastos estão fora de controle. 

O Efeito Sombra surge como um potente reflexo externo do mundo interno que está perigosamente desequilibrado. 

Porém, por mais dolorosos que sejam, esses momentos servem para começar um processo de evolução involuntária. Quando somos confrontados pela sombra, e ela é vista por aqueles cuja opinião prezamos, saímos da negação e, esperançosamente, reconhecemos que precisamos fazer algo a respeito.

Se queremos evitar a cólera do Efeito Sombra, precisamos fazer uma verificação da realidade diariamente, observando se estamos agindo de maneira que pode nos envergonhar, constranger ou destruir família, carreira, saúde ou autoestima. 

Quando outras pessoas aparecem e refletem em você uma imagem do self indesejado, você se torna reativo.
Eis um exemplo. Uma vez, namorei um homem que achava ligeiramente rechonchudo, meio fora de forma. Após namorar por alguns meses, notei que, em qualquer lugar a que fôssemos, ele sempre apontava um cara acima do peso, barrigudo ou com as calças caindo. Um dia, conforme caminhávamos pelo aeroporto, a caminho de uma viagem romântica, ele apontou o dedo na direção de um homem que jamais veria novamente e comentou comigo:
— Mas que relaxado. Por que você acha que esse cara não se cuida?
Finalmente não consegui ficar de boca fechada e juntei coragem para lhe dizer que estava apenas projetando as próprias preocupações com o peso em pobres homens gordos que ele nem conhecia. Sugeri que, em vez de ficar apontando os outros, ele deveria ir além. Achei que ele tropeçaria na escada rolante ao olhar para a barriga estufada como se fosse pela primeira vez. O rosto dele murchou conforme se deu conta de que também carregava uma dúzia de quilos indesejados. Constrangido, timidamente me perguntou se de fato se parecia com os outros homens. Temendo arruinar minha diversão do fim de semana, menti e disse que ele talvez não estivesse tão ruim quanto os outros, mas havia diversos lugares para onde poderia olhar quando estivéssemos em público, portanto, isso deveria significar que, até certo ponto, ele realmente queria assumir o próprio corpo e mudar a forma como se apresentava ao mundo, ou não estaria tão ligado nessa questão.

Só ha¬via reparado na barriga dos outros homens. Nossas projeções sempre nos chocam. Quando estamos julgando alguém, nunca pensamos de fato sobre nós. Porém, uma vez que compreendemos por que apontamos o dedo, podemos começar a nos desvencilhar de nossas percepções e julgamentos vorazes a respeito dos outros. Precisamos lembrar o velho ditado: "Se você viu é porque também tem".

Em meus anos na liderança de workshops, já tive momentos bastante engraçados, quando as pessoas ficavam com raiva de mim por sugerir exatamente esse conceito de projeção e por lhes dizer que elas também possuem as características que desgostam nos outros. Um desses momentos favoritos foi quando uma linda espanhola disse que não tinha nada a ver com o pai, que não aprovava os homens com quem ela saía. Quando perguntei se ela sabia o motivo, ela respondeu que era por ele ser racista. Ela disse que só saía com homens asiáticos e ele não aprovava. Quando brinquei, perguntando que tipo de espanhola só saía com homens asiáticos, a raiva desapareceu de seu rosto e ela disse timidamente: "Alguém que seja racista?" No mesmo instante, ela percebeu que estava sendo ligeiramente racista, assim como seu pai, porque jamais sairia com um homem de sua origem.

Há muitos exemplos famosos de projeção. Eliot Spitzer, ex-governador de Nova York, passou a carreira tentando var¬rer a prostituição, por achá-la absolutamente inaceitável, mas se envolveu em um escândalo com uma garota de programa. O ex-porta-voz do governo, Newt Gingrich, que continua-mente apontava o dedo em crítica ao presidente Bill Clinton e era a favor de seu impeachment, por suas indiscrições sexuais, mais tarde foi flagrado com um caso fora do casamento. O famoso pastor Ted Haggard, que falava fervorosamente contra a imoralidade e o homossexualismo, mais adiante foi descoberto num relacionamento gay, regado a drogas. E o fenômeno do rádio, Rush Limbaugh, que em seu programa condenava abertamente os viciados em drogas, mais tarde admitiu a própria dependência a drogas prescritas. Eu poderia literalmente dar milhares de exemplos de pessoas que em público condenam os outros, menosprezando o comportamento que elas próprias têm. Você acha que essas pessoas realmente têm a intenção de destruir a própria carreira, humilhando-se publicamente e envergonhando a família? Era realmente a intenção que tinham? Ou teriam sido, de fato, pegas de surpresa, ficando profundamente decepcionadas com o próprio comportamento? Será que ''o diabo me fez fazer" não seria na verdade a sombra disfarçada?

O comportamento de Pilar é um exemplo perfeito do fenômeno de projeção. Uma mulher com quarenta e poucos anos que se orgulha de ser boa filha. Pilar fica constantemente aborrecida porque o pai junta tralha. Todo domingo, ao chegar à casa dele para visitá-lo, ela começa a se sentir ansiosa e irritada. Quando entra na sala, em vez de passar a tarde numa conversa agradável de pai e filha, começa a brigar com ele por causa dos jornais espalhados no chão e das dezenas de quinquilharias espalhadas pela sala. Frustrada, Pilar dá início a uma conversa depreciativa, na qual frisa o desleixo dele. Em tal atmosfera de julgamento, os dois se sentem tristes, e as visitas acabam sendo monótonas e desgastantes. Pilar sempre vai embora se sentindo mal consigo mesma, e o pai secretamente deseja que ela deixe de visitá-lo, embora seja gentil e solitário demais para confessar.
Um dia, enquanto trabalhava no escritório de casa, que compartilha com o marido, Emilio, Pilar percebeu algo sobre si própria. Emilio perguntou se ela poderia esvaziar uma das gavetas para que ele tivesse mais espaço para seus papéis. Irritada, ela rapidamente respondeu que precisava de seis das oito gavetas para todos os documentos, e que ele poderia alugar um guarda-volumes se precisasse de mais espaço. Aborrecido diante da incapacidade dela de compartilhar, Emilio começou a escancarar as portas dos armários, uma após a outra, revelando centenas de pastas abarrotadas de jornais e recortes de revistas. Ela ouviu Emilio resmungando, embora não estive mais prestando atenção ao que ele dizia. E ficou estarrecida. Ali estava, diante de seus olhos, o mau hábito do pai. Ela pôde ver que, para Emilio, todos aqueles recortes eram um monte de lixo inútil. Ela guardava alguns, entre eles cupons de desconto, desde a época da faculdade - vinte anos atrás!

Ela descobriu que apresentava a mesma característica do pai, embora a dela estivesse escondida nas gavetas fechadas do armário. Encarou o fato de também ser uma acumuladora de tralha e pediu ajuda ao ma¬rido para limpar tudo e jogar fora os recortes, pois seria difícil fazê-lo sozinha. Ela adorava todos os seus pedaços de papel, exatamente como o pai amava os dele.
Dias depois, quando Emilio ganhou três gavetas, Pilar de-cidiu compartilhar a história com o pai e pedir que ele a perdoas¬se por seu tom de julgamento. Pai e filha deram boas risadas e se abraçaram, algo que sempre faziam como um cumprimento rotineiro, mas nunca como expressão autêntica de amor e respeito. 

E aqui está o mais empolgante. Quando você entende a projeção, jamais verá o mundo da mesma maneira. Neste mundo holográfico, tudo é um espelho, e você está sempre se vendo e falando consigo mesmo. Se você escolher, pode olhar agora para o que o afeta emocionalmente como um alarme, uma pista para desvendar sua sombra, um catalisador para o crescimento que lhe dá a oportunidade de recuperar um aspecto oculto de si mesmo. Cada sombra que abraçar lhe permitirá experimentar mais amor, mais compaixão, mais paz e um senso maior de liberdade.

Eu me lembrei de uma cena de Batman: o Cavaleiro das Trevas em que o Curinga está segurando uma faca junto ao pescoço de Batman. Batman o desafia, dizendo: "Vá em frente, me mate". O Curinga, com uma expressão perplexa e retorcida, responde: "Não quero matá-lo. Você me completa". O que ele está dizendo é que, sem o oponente heroico, ele não seria nada. Se formos astutos o suficiente para inserir nossos vilões inter¬nos — o pessimismo, o self arrogante, o ditador, a vítima — no roteiro do self superior e reconhecer que eles não são nossos inimigos, mas partes feridas e perdidas de nós mesmos, com profunda necessidade de amor e aceitação, poderemos viver de acordo com a missão mais sublime de nossa alma e encontrar a paz.

Se vemos alguém que queremos imitar, é porque estamos vendo qualidades que existem em nós. Se estamos encantados por outra pessoa, é porque o aspecto que amamos nela existe dentro de nós. Não há nenhuma qualidade em outra pessoa, e à qual reagimos, que nos falte. Ela pode estar escondida por trás de algum mau comportamento, ou alguma antiga crença obscura que diga que somos exatamente o oposto daquilo que vemos na outra pessoa. Mas juro que, se estiver atraído por uma qualidade em alguém, independentemente de sua grandiosidade, ela também existe em você.

Qualquer coisa que o inspire é um aspecto seu. Qualquer desejo do coração existe para apoiá-lo na descoberta e manifestá-la. Se você tem uma inspiração de ser algo, é porque tem o potencial para manifestar a qualidade que está vendo e o com¬portamento que essa qualidade fará aflorar. 

Lembre-se: nossa sombra está quase sempre tão bem escondida de nós que é quase impossível encontrá-la. Se não fosse pelo fenômeno da projeção, talvez ficasse escondida pela vida inteira. 

A essa altura, você talvez seja capaz de reconhecer que a sombra — com toda a sua dor, trauma e briga — é uma parte indestrutível de quem somos. Não importa quanto nos esforcemos, jamais teremos êxito em nos livrar dela ou silenciar sua presença. No entanto, temos a chance de decidir se queremos permitir que ela destrua nossa vida e nos roube de vivenciar nossa grandeza, ou se vamos tirar dela toda a sabedoria e usá-la para nos impulsionar à versão mais extraordinária de nós mesmos. 

A vida é divinamente elaborada para que cada um de nós receba exatamente aquilo que precisa para apresentar sua expressão única no mundo.

Assim como uma flor de lótus nasce na lama, precisamos honrar as partes mais sombrias de nós mesmos, e as nossas experiências de vida mais dolorosas, pois são elas que nos permitem o nascimento do mais belo self. Precisamos do passado turbulento e enlamea¬do, da sujeira da vida humana — da combinação de cada má¬goa, ferimento, perda e desejo não realizado, misturada a cada alegria, sucesso e benção, para nos dar sabedoria, perspectiva, e nos conduzir a ingressar na mais magnífica expressão de nós mesmos. Essa é a dádiva da sombra.

TERCEIRA PARTE - MARIANNE WILLIAMSON

O significado da Segunda Guerra não está na perversidade de Hitler, mas no brilhantismo e sacrifício daqueles que o derrotaram. O arquétipo da verdade de Avatar não está na violência praticada contra os na'vi, mas também na forma como a violência acabou. O ponto máximo das grandes histórias religiosas não está na crucificação, mas na ressurreição; não está na escravidão dos israelitas, mas na libertação da Terra Prometida. Agora, em nossa época, com tantas sombras ameaçando, convém lembrar que as sombras parecem muito escuras, mas nada são diante da verdadeira luz.
Essa verdade pode ser muito difícil de aceitar quando todas as evidências racionais apontam não somente para a realidade da sombra, mas também para sua permanência. No entanto, o milagre da iluminação não vem de uma evidência racional; ele literalmente "cai do céu", um símbolo consumado para os reinos da pura potencialidade. O potencial para a descoberta emerge quando nosso abraço proativo da luz é maior que o medo do escuro.

Nas palavras de Albert Einstein, quando falava do mundo fí-sico, "A realidade é meramente uma ilusão, embora seja uma ilusão muito persistente".

Se uma pessoa religiosa odeia, Deus não está presente. Se um ateu ama, lá está Ele. 

A única forma de superar a sombra é nos tornarmos nosso verdadeiro self, e o que for preciso fazer para chegarmos a esse lugar é, na essência, uma experiência religiosa; para algumas pessoas, essa é uma experiência na igreja, na sinagoga, na mesquita ou em um santuário; para alguns, essa é uma experiência da natureza; para outros, é a experiência de segurar o filho nos braços pela primeira vez. A questão não é o que nos leva à experiência, mas o que nos acontece ao chegarmos lá. Algo muda dentro de nós depois de regressarmos ao âmago de nosso ser, ainda que só por um instante. Isso nos dá um gostinho do que é possível dentro de nós e ao redor. Ergue-se o véu que encobre a realidade do amor, a extensão de nosso verdadeiro poder. Uma vez que estejamos realinhados com nossa natureza essencial, teremos o poder para fazer a sombra desaparecer.



     Foto: André Larrea / RJ