quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Vista nova, nova vista...

Mexer no computador da gente é sempre uma descoberta nova. Sempre guardamos tantas fotografias e não revelamos nenhuma. Coisas do mundo digital e detalhes importantes que ficaram esquecidos com os velhos filmes 36 poeses. Algumas fotos acabam tão esquecidas que por vezes achamos que nunca existiram, mas estão lá para provar que se viveu aquele momento. É o caso da foto que ilustra esse post. Não me lembrava da existência dela, mas quando a achei fiquei horas hipnotizada. Talvez porque ela me transmita uma paz confortante. É como se eu pudesse sentir novamente o vento no rosto e a brisa geladinha do mar. Mas o que acho legal é que a paisagem me remete a diversas lembranças escondidas na memória, e assim são as vistas que preenchem o nosso dia-a-dia.
Esse é o meu primeiro escrito como moradora de Porto Alegre e por diversas vezes pensei em algo que pudesse definir essa nova fase... Porém, não achei nada que realmente explicasse, algo que não fosse clichê.
Outro dia, na sacada da minha nova casa, fiquei observando a paisagem que compõe a vista frontal do prédio. Assim também foi ao visistar Santa Maria. Da mesma forma que na capital, olhei intensamente a paisagem que pude observar durante anos da janela do meu quarto. Depois veio esta foto, o caminho para ir ao trabalho, as ruas que passo para ir a pós, a quadra de distância da academia... São tantas paisagens diferentes, mas que acabam se tornando semelhantes,  pelo simples fato de nos acostumarmos com elas todos os dias.
Nossa vida pode ser entendida, não falemos da complexidade existêncial dela, mas pelas inúmeras "vistas" que temos durante o nosso caminhar. Como é bom termos novas dimensões de paisagem e novos olhares. Talvez  por isso que viajar seja tão bom! Tudo que vêmos em um "trip" é diferente, é novo, e nosso olhar não está acostumado ao de sempre.
Minha nova vista não tem o mar, não tem algo tão diferente, a não ser às vezes o laguinho do Parcão, mas tem uma nova perspectiva: a de um novo momento. A paisagem tem prédios, casas, árvores e tudo que completa a vista de uma cidade grande, mas para mim ainda é incomum. O caminho para ir ao trabalho também é novo e tenho feito diversos trajetos em cada volta pra casa a fim de descobrir meu habitat.
Da mesma forma, as fotografias nos mostram paisagens e vistas que um dia pudemos conhecer e desfrutar, seja uma, duas ou milhares de vezes. Porém, ao vê-las novamente, conseguimos resgatar dentro da gente a sensação de um dia termos feito parte daquele lugar.
Ao novamente olhar essa foto, sinto um sentimento verdadeiro de que num futuro essa possa ser a paisagem do meu dia-a-dia. Vê-la me traz alegria de saber que muitos dos ciclos da minha vida começaram e se encerraram ali . Hoje, vejo como uma lembrança, mas um dia, quem sabe, será mais uma das vistas constantes e comuns.
As "vistas", paisagens, cenários, seja lá como preferir chamar, fazem parte do caminho a ser trilhado sempre. Nos acompanharão durante toda a existência. Algumas serão mais íntimas, outras mais repulsivas, mas nosso olhar quer mesmo é experimentar novos panoramas. Então viaje, relembre, conheça, teste a visão. Não se acostume, apenas contemple. Faça  novos cenários e nunca deixe de percebê-los.
Que o destino traga consigo muitas paisagens, mas que um dia apenas uma me faça sentir completa...