terça-feira, 31 de agosto de 2010

Sutilmente "gerundiando"


Nossa vida é assim mesmo, acredite! Estamos sempre presos aos verbos. Afinal, são eles que movimentam nosso dia-a-dia. Ou melhor,são eles que dão ação, fazem parte e constroem novas coisas.Assim, nada melhor que usá-los para explicar nossa existência.
Começamos nascendo e logo que abrimos os olhos, estamos sujeitos a finalmente estarmos vivendo. Dessa forma, vamos acordando , respirando e nos acostumando com o âmbiente novo que se apresenta a partir daquele momento.Vamos crescendo, sempre com alguém nos cuidando e nos orientando.De uma maneira quase invisivel, o tempo vai passando e passando até nos tornarmos maiores e capazes de notar o mundo de outras maneiras.Queremos construir, mas acima de tudo, creio que vamos esperando de mais de todas as fases de nossa vida. 
Quando temos 14 anos, não queremos muito mais do que fazer 15.Assim, nos mantemos anciosos e esperando para que isso aconteça logo. Desse jeito, meio sem jeito, as coisas vão surgindo. Já com 15, ficamos ali aguardando os 18. Queremos dirigir, votar, festiar e, por que não, amar? É um irônia. Somos capazes de amar em todos os momentos de nossa, simples, tão simples, vida. Mas as expectativas, essas sim, vão se renovando a cada instante. São sempre novas, diferentes, existentes, impulsionantes. Com 18, talvez nem seja tão importante o que queriamos com 15 anos. Pois, estamos amadurecendo, crescendo, nos ambientando com o inicio da vida adulta.Talvez o mais importante: estamos aprendendo com o caminho que vamos trilhando. Chegar aos 20, nem sempre é o que mais esperamos. O que ambicionamos mesmo é entrar na faculdade e ir conquistando nosso caminho profissional. 
E se engana quem pensa que as expectativas acabam por ai. Não! Elas nunca findam...Como se não bastasse, queremos já na faculdade, nos tornar os melhores. Vamos nos destacando, mas aquilo não é o suficiente. Queremos nos formar, queremos nos especializar, queremos nos aprofundar, queremos, queremos...
..Até que chega ao fim a vida acadêmica e aí procuramos alguém. Alguém para dividir nossas coisas.Alguns têm a sorte, ou o azar, de encontrar uma pessoa já na faculdade. Numa troca de atividades, por vezes amando, por outras estudando. Dessa forma, alguns querem é ir casando, procriando, formando família, comprando casa, adquirindo carro, cachorro... etc.
Vamos indo, indo e enfim conseguimos tudo isso. Mas não esqueçam que somos seres humanos. Queremos sempre mais, esperamos muito mais. E claro, vivemos em conto sem fadas e principes. Nada é tão fácil assim. Mas essas são expectativas fáceis, simples, e tão comum entre tantos. Ter um diploma em mãos, uma especialização, um emprego, uma familia é um sonho meio banal, mas existe. Então, talvez, agora seja a hora de pensar naquele(s) que saiu de ti, no(s) filho(s). Vamos então protegendo, criando e esperando deles também, assim como fazíamos com a gente. Porque para muitos, a vida é esperar sempre.Se não é de ti é dos outros que o cercam. Desse jeito as vezes vamos esquecendo a melhor parte da vida. Mas é tão natural esperar né? Esperar pelo outro dia, pela proxima festa, pelo conforto na hora certa, pela carona amanhã, pelo beijo mais ardente... e por tantas e tantas outras coisas que compõe nossos dias.
Sutilmente, os dias vão passando... e quase que nem vemos. Ou, fingimos não ver.
O ciclo não acaba, é assim. Como que eu vou dizer para alguém deixar de esperar? Quem sou para falar a uma pessoa que deixe de acreditar e aguardar sempre a próxima parte existencial.É como dizer a um jogador de video game para se concentrar apenas nessa fase e não esperar pela seguinte. 
Ou melhor, é como bater um papo com a gramática e dizê-la para apagar os verbos das frases.Mas e aí, para onde iriam os objetos diretos e indiretos? E as preposições? O que seriam das orações? Ah, muito sem graça.O melhor mesmo é seguir assim,sutilmente gerundiando.


Um comentário:

  1. ai amei o texto!
    apesar das regras jornalísticas quase sempre nos impedirem de "gerundiar" eu sigo ADORANDO os gerundios!

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